Os números são claros, estima-se que cerca de 600 mil pessoas, maioritariamente mulheres, sofram de perdas frequentes de urina (Incontinência Urinária), só em Portugal. Contudo, suspeita-se que este número seja bem maior, uma vez que muitas das pessoas portadoras deste distúrbio não o informam aos profissionais de saúde por vergonha ou por acreditarem que este seja um sintoma fatalmente ocasionado pelo envelhecimento.
Ainda que seja mais frequente nos seniors, pode manifestar-se em qualquer idade, dependendo da etiologia. As idas de forma recorrente à casa de banho e a aflição provocada pela urgência em urinar são alguns dos transtornos de quem vive refém da própria bexiga.
A Mulher e a Incontinência Urinária: Definição e Classificação A causa da Incontinência Urinária é diversa, mas, de uma forma em geral, deve-se à súbita contracção do músculo da bexiga, ao relaxamento dos músculos que rodeiam a uretra ou ao enfraquecimento dos músculos pélvicos.
Embora 40% das mulheres em todo o mundo já tenham experimentado pelo menos um episódio de Incontinência Urinária nas suas vidas, Sónia Leal, médica de Clínica Geral e Coordenadora da USF Cidadela do CS Cascais, explica "só nos referimos a Incontinência Urinária quando estamos perante um quadro clínico de perda involuntária, persistente e visivelmente demonstrada de urina".
De entre os factores de risco ressaltam-se os seguintes: idade avançada, raça caucasiana, obesidade, multiplicidade de partos vaginais, menopausa, condições sistemáticas associadas ao aumento da pressão intra-abdominal, tabagismo, e histerectomia prévia.
A circunstância que leva à perda involuntária de urina permite classificar a Incontinência Urinária em três grandes grupos: de Esforço, quando está associada a acções que promovam o aumento da pressão abdominal (p.e. tossir, levantar pesos); de Urgência (Bexiga Hiperactiva) resultante de contracções inesperadas originadas por ansiedade ou outros estímulos; e, por fim, Mista, quando se combinam vários dos tipos acima mencionados.
Todos as mulheres com perdas involuntárias de urina devem consultar o seu médico para um esclarecimento adicional da situação, isto porque, a Incontinência Urinária é sempre anormal, interfere directamente com a qualidade de vida e tem solução na grande maioria dos casos. Pode ser sinal de outros problemas mais graves subjacentes e predispor ou agravar outras doenças.
O Impacte Psicossocial desta Condição e o seu Diagnóstico Parecendo um problema menor na saúde da mulher, é de salientar que a Incontinência Urinária é pessoal e socialmente muito constrangedora, podendo ter repercussões psicológicas dramáticas. Ocorre com frequência um auto-isolamento, por receio de que o cheiro a urina se faça notar havendo ainda relatos de ser causa de desemprego e desagregação familiar. Por ser uma condição desconhecida e incómoda associada ao envelhecimento, muitas mulheres não procuram ajuda profissional, ainda que possam ser tratadas a 100% ou controladas. Resultado? Apenas um quinto das doentes afectadas chega a ser observada e tratada.
O diagnóstico é em regra bastante fácil e dado pelas próprias doentes. Este assenta na história clínica, no exame físico e em exames complementares de diagnóstico. Estes últimos incluem o despiste de infecções urinárias, através de análises à urina, e um estudo urodinâmico quando subsistem dúvidas e em caso de cirurgia. Nas mulheres, é ainda necessária a realização de um exame ginecológico para avaliar a eventual presença de prolapso do útero (exteriorização do útero através da vagina), causa frequentemente associada ao tratamento cirúrgico.
O Tratamento da Incontinência Urinária "Perante um primeiro incidente de perda de urina, é aconselhável a procura de um médico assistente, isto porque, é perfeitamente excepcional o desaparecimento da incontinência de forma espontânea" afirma a médica Sónia Leal. A primeira instância deve ser o médico de saúde familiar, que irá fazer a distinção do tipo de Incontinência Urinária e indicar a melhor abordagem terapêutica. "Este comportamento tão simples ajuda uma percentagem enorme de mulheres que apenas com alguma Fisioterapia se vêm curadas", afirma. Após a avaliação e o desenvolvimento de um plano de exercícios por um profissional de saúde habilitado, no período de alta, pode e deve haver continuidade no treino dos músculos em casa. "É importante continuar a treinar os músculos para não perder a tonicidade", indica.
Consoante a causa da Incontinência Urinária, existem vários tratamentos. Para casos ligeiros, medidas como urinar em intervalos regulares, evitar alimentos ou bebidas irritativas da bexiga ou treinar os músculos pélvicos podem ser eficazes. Para casos de bexiga hiperactiva, existe medicação que em conjunto com o treino se mostra muito eficaz. Na Incontinência Urinária de Esforço mais grave pode recorrer-se a uma cirurgia pouco agressiva.
No caso das parturientes, e a fim de evitar que os músculos pélvicos e do períneo sejam afectados pelo esforço do próprio parto, a fisioterapeuta Vanessa Costa Gallo da Lifeclinic Health Care em Cascais, aconselha uma modalidade preventiva antes de engravidar ou logo após o aparecimento dos primeiros sintomas. O objectivo desta prevenção é "capacitar o pavimento pélvico da mulher para o esforço e dilatação que vai sofrer". As mulheres devem fazer uma avaliação, a fim de saberem o estado da sua musculatura pélvica.
Tome nota, perante a diversidade de alternativas terapêuticas para a Incontinência Urinária e a sua elevada taxa de sucesso não existe razão alguma continuar a para sofrer em silêncio.
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Este artigo foi publicado na Revista Golden News de Cascais, nº 22 de 11 de dezembro.
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