por Manuel Calixto, Dermatologista na Lifeclinic® - Health care

Cerca de 80% dos jovens vive a sua fase da adolescência marcada pela Acne, uma patologia crónica da pele resultante de influências hormonais e genéticas que, por ser tão frequente, é considerada pelos especialistas médicos como praticamente universal durante este período, embora também possa persistir na fase adulta. Fica o alerta, trate de si e da saúde da sua pele. Siga o conselho do Especialista.

A Acne é uma doença da pele que se manifesta na adolescência e na fase adulta afectando, ambos os sexos, entre os 11 anos e os 30 anos de idade. Sendo habitualmente uma doença auto-limitada, isto é, cerca de 12% dos indivíduos do sexo feminino poderão continuar com a afecção até à quarta década de vida, contra, apenas, 3% dos indivíduos do sexo masculino. Localiza-se geralmente na face, metade superior do tórax e sobretudo no dorso. É caracterizada pela presença de comedões abertos (pontos negros), comedões fechados (pontos brancos), pápulas (borbulhas vermelhas), pústulas (borbulhas com pús), nódulos e cicatrizes.

O diagnóstico da Acne é essencialmente clínico e exige ao médico uma atenção muito particular na análise da personalidade do doente, pois o impacto real da doença é difícil de objectivar, existindo uma significativa disparidade entre a gravidade da Acne e o sofrimento psicológico (alteração da auto imagem, confiança, afirmação...) daí resultante. Taxas mais elevadas de insucesso escolar e de desemprego, depressão e ansiedade, rejeição social e isolamento são algumas das principais repercussões negativas desta patologia.

Saiba mais sobre a Acne
Sendo a Acne uma patologia muito frequente e com grande impacto psicossocial são vários os mitos transmitidos ao longo dos tempos:

- Lavar a cara mais vezes durante o dia evita a Acne?
Não. Apesar de persistir a ideia incorrecta de que a Acne pode estar associada a uma higiene deficiente

- A Acne melhora com o sol?
Não. Apesar de algumas pessoas referirem aparente melhoria, com a exposição solar, a Acne agrava-se frequentemente no pós Verão.

- Os alimentos provocam a Acne?
Não. Apesar de alguns doentes constatarem um agravamento com alguns alimentos, tais como o chocolate, as azeitonas, os frutos secos, os fritos e a fast-food não há estudos científicos a comprovarem o facto.

- A prática sexual está relacionada com o aparecimento da Acne?
Não.

- Posso espremer as borbulhas?
Não.

A prevenção total da Acne é muito difícil. O que pode ser feito é tomar as medidas no sentido de não aumentar as crises da Acne. Na maioria dos casos, uma visita ao dermatologista é imperativa a fim avaliar e prescrever um tratamento adaptado. As regras mais importantes são manter a pele limpa, usar protector solar todo o ano e não espremer as borbulhas.

Qual a melhor forma de se ver livre da Acne?
As modalidades de tratamento da Acne dependem de múltiplos factores.

Nas formas da Acne ligeiras/moderadas, em ambos os sexos, é suficiente a prescrição de terapêutica tópica, com ceratolíticos, anti-seborreicos, antibióticos tópicos e os retinóides tópicos hoje considerados produtos de 1ª linha. Os produtos contendo ácido azelaico, glicólico ou salicílico podem ser utilizados nas fases de manutenção como terapia adjuvante. Nas formas mais severas impõe-se, também, a prescrição de terapêutica sistémica com antibióticos orais, hormonoterapia e a isotretinoína oral que, constituiu um progresso notável na terapêutica. Porém, este fármaco tem efeitos secundários frequentes mas controláveis, pelo que deve ser uma terapêutica reservada a especialistas.

Por conseguinte toda a acção terapêutica necessita de ser seleccionada criteriosamente e dirigida à situação clínica individual, explicada e explicitada ao paciente para uma responsabilização e boa adesão à mesma. Concomitantemente deverá ser feito um planeamento sobre a necessidade de um controle periódico regular até à cura natural da afecção. 

Atenção
Em caso de dúvida procure orientação médica imediata.

Sobre o Autor

 Dr. Manuel Calixto, Dermatologista na Lifeclinic® - Health Care

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Este artigo foi publicado na Revista BOA SAÚDE - O seu guia do bem estar,  nº 2 de outubro.